13 de ago. de 2009

A Realidade e suas faces


A distinção entre realidade e aparência sempre foi um dos problemas centrais da filosofia. No mundo Ocidental foi colocada pela primeira vez por Parmênides, no século VI a.C. Entende-se vulgarmente por realidade tudo aquilo que existe ou é, por oposição aquilo que designamos por nada, aparência ou ilusão.

Por sua vez, a questão - o que é a realidade? , tem originado nas diversas correntes filosóficas, as mais variadas respostas. Cada uma traduz de uma forma explicita ou implícita uma dada concepção da mesma. Podemos citar, por exemplo:

Realidade Sensorial
O homem comum como o empirista radical tende a associar a realidade com aquilo que pode ser empiricamente observado. A realidade existe independentemente da consciência dos indivíduos. Basta olhá-la para descobri-la e captar-la na sua totalidade. A realidade é assim algo que existe independente da consciência dos indivíduos. Esta posição traduz-se na crença que só as coisas observáveis são reais. Neste sentido, tudo o que não pode ser captado através dos sentidos tende a ser negado, ou é tratado como um produto da imaginação. Estamos aqui perante uma visão ingênua da realidade, desmentida inclusive pela própria investigação científica.


Realidade Ideal

A realidade não se confunde com as imagens efêmeras das coisas que obtemos através dos sentidos. A verdadeira realidade é da ordem das idéias. Só nestas poderemos encontrar algo imutável e eterno. A verdadeira realidade está nos próprios indivíduos e não nas coisas. Parménides e depois Platão numa forma sistemática, sustentaram esta concepção do real. Outros filósofos desenvolveram concepções idênticas. Berkeley, no século XVII, sustentou que a única realidade que existia era a das nossas percepções.

Realidade Virtual

Há várias definições aceitas para realidade virtual. Isto é devido, em parte, à natureza interdisciplinar da área, e também a sua evolução. De uma maneira ou de outra, os sistemas de realidade virtual acabaram vindo de sistemas computacionais de mesa, simuladores, sistemas de tele-operação, etc.
A realidade virtual também pode ser considerada como a junção de três idéias básicas: imersão, interação e envolvimento. Isoladamente, essas idéias não são exclusivas de realidade virtual, mas aqui elas coexistem.
A idéia de imersão está ligada com o sentimento de se estar dentro do ambiente. Normalmente, um sistema imersivo é obtido com o uso de capacete de visualização, mas existem também sistemas imersivo baseados em salas com projeções das visões nas paredes, teto, e piso. Além do fator visual, os dispositivos ligados com os outros sentidos também são importantes para o sentimento de imersão, como som, posicionamento automático da pessoa e dos movimentos da cabeça, controles reativos, etc. A visualização tridimensional através de monitor é considerada não imersiva.
A idéia de interação está ligada com a capacidade do computador detectar as entradas do usuário e modificar instantaneamente o mundo virtual e as ações sobre ele (capacidade reativa). As pessoas gostam de ficar cativadas por uma boa simulação e de ver as cenas mudarem em resposta aos seus comandos. Esta é a característica mais marcante nos videogames.
A idéia de envolvimento, por sua vez, está ligada com o grau de motivação para o engajamento de uma pessoa com determinada atividade. O envolvimento pode ser passivo, como ler um livro ou assistir televisão, ou ativo, ao participar de um jogo com algum parceiro. A realidade virtual tem potencial para os dois tipos de envolvimento ao permitir a exploração de um ambiente virtual e ao propiciar a interação do usuário com um mundo virtual dinâmico.

A Realidade Orientalista

O conceito de Realidade na metafísica oriental é a da realidade única, subjacente a toda forma de vida. Para obter a percepção da verdadeira realidade, o discípulo deve aprender técnicas de concentração e meditação, que proporcionam um estado de percepção elevado. Esse conceito pode ser melhor compreendido conhecendo a obra de Paramahansa Yogananda, autor do clássico Autobiografia de um Iogue, e também de uma vasta coleção de livros. Uma de suas principais obras metafísicas, onde ele traça paralelos entre a realidade ilusória e a Realidade única é o livro Bhagavad Gita - God talks to Arjuna, editado pela Self-Realization Fellowship (www.yogananda-srf.org), organização fundada por Yogananda em 1920, Los Angeles, EUA.

A Realidade para a Física

No âmbito Física Teórica, é bastante simples perceber a surpreendente e extraordinária falta de consenso entre os pais fundadores da teoria quântica acerca de problemas que à primeira vista deveriam conhecer um mínimo de acordo. Essas questões dizem respeito à realidade.

Podemos nos questionar: De que trataria para os físicos, pois, o problema da realidade? Que estatuto ontológico teria esses objetos de que fala a mecânica quântica? Em outras palavras, em que constituiriam entidades como elétrons, prótons, fótons, mésons, pións, etc.?
Seriam entidades ontologicamente existentes, ou entidades mnemônicas, ou meros construtos teóricos para salvar os modelos em torno dos fenômenos ditos naturais, ou ainda, meras hipóteses de trabalho?

Dentre as inúmeras formas dentro da Física de encarar a realidade, encontraremos os que seguem o ideário realista, e encontramos também aqueles que negam tal ideário.

A noção filosófica de realismo é inerente à concepção clássica do mundo. Realismo é a consideração de que os objetos (sejam planetas ou partículas microscópicas) existem por si mesmos e têm propriedades intrínsecas bem definidas, as quais não dependem do observador.

A questão que envolve o conceito de realismo pode ser apresentada – de forma simplificada – através do exemplo da moeda. Considerando-se o lançamento de uma moeda sob a luz da mecânica clássica (ligada ao macromundo), a probabilidade de obtermos cara ou coroa é, em cada moeda lançada, de 50%. Dentro da visão clássica, é possível argumentar que, se conhecêssemos absolutamente tudo acerca da moeda e de todas as forças envolvidas no lançamento, poderíamos prever exatamente o que resultaria: ou cara ou coroa. Isto é, se o estado do sistema fosse integralmente conhecido antes do lançamento, então o resultado poderia ser previsto com toda a certeza.

Outra forma de denotar o pensamento realista pode ser percebida com base na frase atribuída ao Físico Wheeler, segundo a qual “no phenomenon is a phenomenon until it is an observed phenomenon”, qualquer realidade que não tenha sido ainda observada deveria ser negada enquanto tal pois ela não pertenceria ao mundo dos fenômenos. Limitando de tal maneira o conceito de realidade e a reduzindo apenas ao universo dos fenômenos observados, então não se poderia atribuir realidade a lua nos instantes em que para ela não dirigirmos os nossos olhares.

Ao realismo também se associa a idéia de que o comportamento de um objeto é determinado por suas propriedades intrínsecas reais do ambiente em que ele se encontra. O realismo é uma suposição implícita na física clássica e em toda teoria moderna, com exceção da mecânica quântica.

No âmbito da mecânica quântica – criada para explicar a realidade no domínio do micro. A escola de Copenhagen diz que as leis da natureza são intrinsecamente probabilísticas, o que significa que podemos ter diferentes resultados associados a estados iniciais absolutamente idênticos. De acordo com essa interpretação, existe um caos intrínseco: os resultados não são determinados por seus estados iniciais a não ser de modo probabilístico. De acordo com os pensamentos formulados pelos Físicos de tal escola, o mundo é não-realista. Para essa corrente, as propriedades dos corpos são propriedades apenas potenciais, que dependem do experimento realizado, ou seja, da observação que se está fazendo.

A Realidade para o Espiritualismo

Diversas escolas espiritualistas descrevem o que chamamos de realidade como sendo diferenciada em várias camadas (planos), sendo que o domínio físico, o mundo que observamos através de nossos sentidos, é apenas um dos diversos padrões de expressão de uma certa realidade global. Daí, a realidade na óptica das mais variadas escolas espiritualista, não se restringe aos fenômenos físicos; ela, entretanto engloba, além disso, entidades e processos mentais que se apresentam de forma tão real, tal como todo e qualquer objeto físico que é percebido por nosso sensório. A observação comum do ser humano, restrita ao mundo dos sentidos físicos, conhece, porém, apenas os objetos do plano material. Os outros aspectos da realidade, ou seja, os planos espirituais, podem se tornar de forma acessível, de uma forma equilibrada e consciente, quando o ser através da conseqüência natural do seu desenvolvimento moral e espiritual, com base na senda do autoconhecimento e do autodomínio de seus sentimentos; consegue adquirir conhecimento diante a dinâmica especifica de cada plano espiritual, assim como a habilidade de não ser iludido por suas propriedades naturais características.
(Série: Teorias do AZOTH)

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