17 de mar. de 2009

O Espaço Sagrado e o seu Significado



Conforme elucida Mircea Eliade no Livro o Sagrado e o Profano, Para o homem religioso, o espaço não ê homogêneo: o espaço apresenta roturas, quebras; há porções de espaço qualitativamente diferentes das outras. Há, portanto, um espaço sagrado, e por conseqüência “forte”, significativo, e há outros espaços não sagrados, ou seja, a espaços também profanos. Essa não-homogeneidade espacial traduz-se pela experiência de uma oposição entre o espaço sagrado – o único que é real, que existe realmente – e todo o resto, a extensão informe, que o cerca.

Mircea também ressalta na obra citada, que Ontologicamente a manifestação do sagrado funda o mundo. E é nessa fundação que o homem busca fixar no mundo um ponto “fixo” e absoluto que venha representar o centro da criação. De acordo com o renomado autor, é por essa razão que o homem religioso sempre se esforçou por estabelecer se no “Centro do Mundo”. Para viver no Mundo é preciso fundá-lo – e nenhum mundo pode nascer no “caos” da homogeneidade e da relatividade do espaço profano. A descoberta ou a projeção de um ponto fixo – o “Centro” – equivale à Criação do Mundo.
Em contrapartida, para a experiência profana, o espaço é homogêneo e neutro.

A Título de exemplificar o exposto acima, o escritor Romeno, nos diz:

“(...) A fim de pôr em evidência a não homogeneidade do espaço, tal qual ela é vivida pelo homem religioso, pode-se fazer apelo a qualquer religião. Escolhamos um exemplo ao alcance de todos: uma igreja, numa cidade moderna. Para um crente, essa igreja faz parte de um espaço diferente da rua onde ela se encontra. A porta que se abre para o interior da igreja significa, de fato, uma solução de continuidade. O limiar que separa os dois espaços indica ao mesmo tempo a distância entre os dois modos de ser, profano e religioso. O limiar é ao mesmo tempo o limite, a baliza, a fronteira que distinguem e opõem dois mundos – e o lugar paradoxal onde esses dois mundos se comunicam, onde se pode efetuar a passagem do mundo profano para o mundo sagrado. (...)


(...) Depois de tudo o que acabamos de dizer, é fácil compreender por que a igreja participa de um espaço totalmente diferente daquele das aglomerações humanas que a rodeiam. No interior do recinto sagrado, o mundo profano é transcendido. Nos níveis mais arcaicos de cultura, essa possibilidade de transcendência exprime se pelas diferentes imagens de uma abertura: lá, no recinto sagrado, torna-se possível a comunicação com os deuses; conseqüentemente, deve existir uma “porta” para o alto, por onde os deuses podem descer à Terra e o homem pode subir simbolicamente ao Céu. Assim acontece em numerosas religiões: o templo constitui, por assim dizer, uma “abertura” para o alto e assegura a comunicação com o mundo dos deuses.(...)”

Um dos maiores clarividentes do século XX, o reverendo Geoffrey Hodson, descreve na obra intitulada por “O lado oculto do culto da Igreja Cristã”, que as Igrejas apresenta o seguinte aspecto com relação ao seu papel sagrado na terra:

“Uma igreja é um centro magnético estabelecido num determinado ponto da superfície do globo, no qual condições especiais foram criadas para permitir a livre passagem de força, vida e consciência do nível espiritual para o material, e do material, de volta, para o espiritual. (...)


(...) O estabelecimento de um centro magnético e espiritual como o de uma Igreja, reduz grandemente a resistência ao fluxo de força espiritual do alto, e possibilita a presença e serviço dos santos anjos. Eles encontram ali um ambiente harmonioso, no qual são protegidos das vibrações normais da vida humana comum. (...)


(...) Quatro grandes correntes de força fluem para o interior e através de uma igreja Adequadamente consagrada. Emanam em primeiro lugar, da Hierarquia humana e super-humana, conhecida por nós como a Grande Fraternidade Branca de Adeptos cada membro da qual é um canal para a influência dos três aspectos da Santíssima Trindade; em segundo lugar, das hierarquias angélicas, diretamente ligadas aos Sete Espíritos ante o Trono, e ao aspecto angélico de Deus, o Próprio Logos [Verbo Divino]; em terceiro lugar, do centro da terra; e em quarto lugar, do Sol. Estas quatro correntes reúnem-se na igreja, cada qual contribuindo com sua influência particular, e todas são utilizadas pelo Senhor Cristo, que as combina na mais gloriosa perfeição de que Ele é capaz e as converte num único instrumento para o trabalho especial que Ele executa para o mundo, através da fé cristã. (...)


(...) Do ponto de vista angélico, a igreja é um sistema solar em miniatura. Nela, as forças espirituais por detrás do sistema solar se manifestam num estado de alta concentração através do Senhor Cristo, que deste ponto de vista, representa o Sol. Os poderosos Seres que compõem a Grande Fraternidade Branca representam os planetas superfísicos, enquanto que os membros da hierarquia física da Igreja podem ser considerados como os planetas físicos. As paredes, pavimento e o teto do edifício formam a órbita intransponível das forças construtoras. O anjo e os espíritos da natureza servidores da Igreja, e a congregação, representam as raças angélica e humana, que lado a lado, estão utilizando o sistema solar como um campo de evolução. (...)


(...) O propósito da existência deste microcosmo eclesiástico é precisamente o do macrocosmo, isto é, a evolução de seus habitantes até um determinado padrão de perfeição. Na Igreja esse padrão é "a medida da estatura da plenitude de Cristo". do qual o Nosso Senhor é o mais perfeito e resplendente exemplo. Os processes pelos quais o padrão é atingido são idênticos dentro e fora da Igreja, porém quanto mais altamente concentradas forem as forças de dentro, tanto mais rapidamente se poderá atingir o padrão. Todo adorador é um Cristo em potencial, e o grande propósito de todo o sistema da Igreja com suas várias e convergentes correntes de força, vida e consciência, é acelerar o Cristo, no adorador, até a sua perfeita e plena manifestação.


(...)Como o sistema solar é parte de um universo, e o universo, por sua vez, parte do Cosmos, assim uma igreja isoladamente é parte da Igreja Universal, que inclui primariamente todas as outras instituições religiosas, e secundariamente, todos os estabelecimentos religiosos de qualquer crença, existentes neste planeta. Esta igreja universal na terra é, a seu turno, parte de um mais amplo trabalho religioso para o sistema solar. (...)”

Portanto, como observamos com base nas citações acima; Todo espaço sagrado tem como resultado destacar um território do meio que o envolve, e o torna qualitativamente diferente.

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