25 de ago. de 2007

Impermanência de acordo com as tradições

Tudo no Universo está sujeito ao fluxo, ao movimento, à transitoriedade. A impermanência é uma constante, impregna toda a existência.

Dhammapada (pali)
211. Evita apegar-te, seja ao que for, pois não há sofrimento para os que, com serenidade, não se apegam, nem têm aversão.
147. Observa este corpo! Algumas vezes enfermo, sofredor e cheio de vãos desejos. Nunca permanente, sempre mudando.
299. Estão sempre despertos e vigilantes os discípulos de Gautama Buda que, constantemente, dia e noite praticam a meditação da natureza transitória do corpo (de todas as formas).

Dhammapada Tibetano
I-3. Acalme-se! as coisas compostas são impermanentes, elas principiam a perecer quando são produzidas. Desde que tenham surgido, perecem; serenar o desejo por elas é felicidade.
I-6. Desde aquele momento da noite em que os seres humanos ingressaram no útero, a jornada de suas vidas para a morte iniciou. Uma vez indo, não há regresso.

I-10. Alguns morrem velhos, alguns morrem jovens, alguns nas primícias da vida. Todas as pessoas se vão em seu turno, da mesma forma como cai o fruto amadurecido.
I-12. Como cada pote moldado por um oleiro do barro finalmente é quebrado e destruído, assim também é a vida de cada pessoa.
I-15. Da mesma forma como o fluxo de uma queda d'água não pode voltar atrás, assim segue a vida de uma pessoa para sempre, sem retorno.
I-16. Tão difícil de obter e, ainda assim, tão curta e tão cheia de sofrimento, vidas são obliteradas cedo, como palavras escritas com uma vareta n'água.
I-18. Como um pequeno córrego que dia e noite vai passando, os bens de uma pessoa são rapidamente encerrados e a vida, além disso, é transitória.
I-33. Esteja alguém parado ou em movimento, esta vida é irreversível, assim como um poderoso curso de rio seguindo em frente, tanto de dia com à noite.
I-42. "Quando eu tiver feito isto, então farei aquilo, e após aquilo acabado, então farei aquilo outro." A velhice, a doença e a morte consomem aquelas pessoas que fazem tais preparações.

Um Guia para o Modo de Vida dos Bodhisattvas (Shantideva – séc. VIII)
II-35,36. Meus inimigos se tornarão nada. Meus amigos tornar-se-ão nada. Também eu me tornarei nada. Da mesma forma como tudo tornar-se-á nada. Da mesma forma como uma experiência num sonho, qualquer coisa que eu tenha experimentado tornar-se-á uma memória. O que quer que tenha passado, não será visto novamente.
VI-16. Eu não deveria ser impaciente com o calor e o frio, o vento e a chuva, a doença, a sujeição e os golpes; pois se sou, o mal que me causam será ampliado.
Textos do VII Dalai Lama Gyalwa Kalzang Gyatso (séc. XVIII)
Meditações sobre os Caminhos da Impermanência ('versos para meditação sobre os caminhos da morte e da impermanência, para inspirar as mentes')
Eu volto-me para o amigo espiritual, meu refúgio. Abençoe minha mente com seus poderes transformadores. Que o pensamento da morte nunca me deixe. Que eu possa praticar perfeitamente o sagrado Dharma.
As distantes montanhas, tão sólidas, mas que se dissolverão. As folhas e flores na primavera e a queda no outono – nenhuma permanece. O sol que brilha e se vai ...
Eles morrem velhos, eles morrem jovens, dia após dia. Desde o nascimento uma criança vê seus pais envelhecerem.
Se você olha bem de perto e contempla profundamente as pessoas e coisas que aparecem em torno de você, poderá ver que tudo está em constante fluxo. Tudo torna-se o instrutor da impermanência. A própria mente é impermanente, oscilando constantemente entre sentimentos de prazer, dor e indiferença, frutos dos karmas positivo, negativo e neutro.
Inicie a preparar-se para os caminhos da morte....

Quando chegar o tempo de conduzir o carregamento da vida através dos portais da morte, não se pode levar parentes, amigos, servos, nem posses. (Preparando a Mente para a Morte)

Textos do XIV Dalai Lama Tenzin Gyatso (séc. XX)
Conceitos Tibetanos sobre a Morte
Quanto à impermanência, temos dois tipos dela: a impermanência grosseira e a sutil. ... A desintegração de momento a momento é a impermanência sutil. A impermanência grosseira é, por exemplo, e destruição de um objeto, ou, no que diz respeito às pessoas, a morte de alguém.
... quando formos capazes de diminuir o grau de concepção de permanência (existência inerente), o apego à vida atual se enfraquece. Além disso, se formos capazes de manter a concepção de impermanência em nossa mente – percebendo que a própria natureza das coisas é a desintegração delas – é bem provável que a morte não nos choque muito quando efetivamente chegar.
... ao refletirmos sobre a morte e a impermanência, nossa preocupação exclusiva com assuntos superficiais limitados apenas a esta vida diminui a intensidade de sua força.
Comentários ao 'Três Principais Aspectos da Senda'
Não há sentido em nos apegarmos a esta vida. Não importa qual seja sua duração – poderá estender-se no máximo até uns 100 anos. Nós morreremos, afinal, e perderemos esta valiosa existência humana; além disso, não sabemos quando isto ocorrerá – poderá ser a qualquer momento.
Precisamos gerar a compreensão de que a relevância dada a assuntos transitórios desta vida é algo tolo e absurdo. [...] nos esforçamos por reduzir o nosso apego às circunstâncias que se limitam a esta existência.

A morte é inevitável. Todos têm de morrer, o tempo de vida está constantemente diminuindo. A duração da vida é incerta (há incerteza sobre a hora da morte).
Somente a 'sabedoria espiritual' (Prajna) poderá nos ajudar na hora da morte. 'Prajna é a percepção de que o 'eu' independente (separado) é impermanente. É vislumbrar que o 'eu' é Vazio (Sunya) de independência – o eu só existe em relação'.

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